segunda-feira, 7 de maio de 2012

Humor jovem em trama policial

Hugo Viana


Alguns filmes de gênero parecem satisfeitos em seguir rigorosamente as regras de conduta que os legitimam, entregando ao público exatamente o que os rótulos sugerem. É um pouco o caso da comédia jovem "Anjos da Lei" (21 Jump Street, 2012), dirigido por Phil Lord e Chris Miller (mesmos realizadores da animação "Tá Chovendo Hamburguer").

A história é sobre dois amigos, Schmidt (Jonah Hill) e Jenko (Channing Tatum), policiais que juntos podem formar um profissional exemplar; Schmidt é inteligente mas fisicamente incapaz, e Jenko é bruto e intelectualmente inábil. Separados causam confusões com o aspecto mais simples do trabalho, unidos têm potencial de resolver crimes, e nessa mensagem de amizade o filme sustenta o humor da história.

Jonah Hill parece estar se encaminhando como um interessante representante desse tipo de humor nerd, em especial depois de trabalhar com Judd Apatow, diretor de "O Virgem de 40 Anos" (2005) e "Ligeiramente Grávidos" (2007), e Seth Rogen, mais conhecido como ator, mas que também vem desenvolvendo bons roteiros de humor, como "Superbad" (2007). Parece um grupo unido de comediantes que misturam de maneira cômica referências de escracho e cultura pop.

O começo parece a parte mais interessante e criativa deste lançamento. O enredo inicia em 2005, mostrando onde cada um se encaixava na época do colégio; Schmidt era uma cópia desastrada e acima do peso de Eminem, Jenko era jogador do time de futebol americano que humilhava fracotes. Não exatamente amigos os dois voltam a se encontrar sete anos depois, no teste para entrar para a força policial, e então se ajudam mutuamente como maneira de sobreviver às provas.

Quando entram na polícia fica evidente que falta inteligência à dupla, e depois de falhar comicamente na captura de bandidos eles são convocados para um esquadrão especial, com missões de infiltração em bandos juvenis. Eles recebem ordens de voltar à escola, agora em 2012, para prender o fornecedor de drogas sintéticas, tipo de entorpecente cada vez mais popular.

O interessante desse enredo é essa volta ao colégio e a nova organização social, completamente diferente do que a dupla experimentou sete anos atrás, quando existiam apenas grupos bem definidos como atletas, nerds e patricinhas. Agora esses rótulos mudaram e a forma como os jovens se relacionam também. É essa interessante confusão que mantém o bom ritmo do filme.

Depois é encenado o mesmo tipo de humor às vezes grosseiro e politicamente incorreto de comédias recentes, mas desta vez voltadas ao público um tanto mais jovem, como uma revisão atualizada de "American Pie" (1999).

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