terça-feira, 13 de março de 2012

Todos os dias da biografia de Andy Warhol

Hugo Viana



É um pouco irônico que o homem que criou a frase "No futuro todos terão 15 minutos de fama" permaneça justamente como personagem tão importante e lembrado na história da arte. Andy Warhol (1928 - 1987) morreu há 25 e como forma de pensar sobre a data a editora L&PM lança três livros: a biografia "Andy Warhol" (240 páginas, R$ 18), de Mériam Korichi, e dois volumes dos "Diários de Andy Warhol" (1088 páginas, R$ 58), editado por Pat Hackett.

Warhol é normalmente reconhecido como expoente da Pop art, movimento que provocou a tradição da arte clássica ao trabalhar com novos signos visuais, imagens com origem em meios de expressão na época não tão nobres como publicidade e quadrinhos. Entre os projetos mais elogiados de Warhol estão exemplos desse tipo desafiador de obra de arte, a reprodução de imagens da atriz Marylin Monroe e as latas de sopa Campbell.

Além de seu trabalho como artista plástico, Warhol também ficou conhecido por seus filmes, nos anos 1960, quando existia em Nova Iorque um interessante movimento de cinema independente. Eram curtas, médias e longas-metragens de baixo orçamento, filmados com película levemente estragada e com métodos alternativos de revelação - aspectos que davam texturas especiais para as imagens -, entre os quais é possível destacar "Blow Job" (1964) e "Vinyl" (1965).

Foi nesse período que se tornou conhecido o local "A Fábrica", espaço administrado por Warhol onde circulavam livremente artistas, drogas, sexo e vagabundos. Nesse estúdio/set de filmagem Warhol conheceu Pat Hackett, sua jovem secretária, que anos mais tarde se tornaria a responsável pela edição dos diários relançados agora pela L&PM (publicados originalmente no fim dos anos 1980).

Na introdução do primeiro volume Pat escreve um interessante perfil do artista, revelando a personalidade ao mesmo tempo efusiva e polida de Warhol, destacando aspectos importantes de sua biografia, como a criação da revista "Interview" e quando ele foi baleado e quase morto por uma mulher que tinha atuado como figurante num de seus filmes.

Os diários são divididos em dias, com pequenos textos falando sobre o que aconteceu em determinada data, citando grandes estrelas e anônimos notáveis. Alguns trechos são maiores e se estendem por duas ou três páginas, enquanto outros se resumem a pequenas frases (como o relato de 11 de março de 1978: "Eu tinha uma porção de convites mas decidi ficar em casa pintando minhas sobrancelhas").

Os dois livros (o primeiro volume aborda de 1976 a 1981, enquanto o segundo de 1982 a 1987) parecem descrever com exatidão o pensamento de Warhol, suas manias e em especial seu fascínio por um tipo decadente de glamour, sempre no tom de confissão em primeira pessoa. É uma ótima oportunidade de avaliar a trajetória de Warhol a partir das ideias do próprio artista.

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