sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

3. Cinema adaptado para a literatura

Hugo Viana



Existe no Rio Grande do Sul, talvez com um pouco mais de presença editorial e força conjunta de mercado do que em outros estados, um grupo de jovens escritores que vem publicando livros com certa frequência - em geral, projetos autorais ou obras coletivas com temas criativos, fora da rota tradicional do meio literário. Um desses grupos se reúne na Não Editora, espaço dedicado a lançar obras alternativas desses "jovens escritores", etiqueta gerada pelo setor editorial que garante uma certa distinção ao autor e à obra. O lançamento mais recente deles é "24 Letras por Segundo" (192 páginas, R$ 32), organizado por Rodrigo Rosp. O livro tem o curioso interesse de levar às páginas 17 contos baseados no estilo de diretores de cinema contemporâneos que os fascinam. Temos releituras pessoais de escritores como Bernardo Moraes (que escreve baseado em Quentin Tarantino), Reinaldo Pujol Filho (irmãos Coen) e Antônio Xerxenesky (Hal Hartley), entre outros, e cada um defende, num parágrafo, o motivo de escolha de determinado diretor, uma pequena carta confissão de um fascínio cinéfilo. Como é comum numa coletânea tão diversa quanto esta, há ótimos contos e outros nem tanto. O que realmente vale parece ser uma experiência diferente de literatura, um exercício apaixonado que tenta unir as imagens do cinema ao texto escrito. Não apenas os contos, mas o próprio livro simula um VHS velho, apresentando informações como se a obra fosse um filme.

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