sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Herói sonhador e desajeitado


Hugo Viana


Tadeo Jones é um pedreiro, mas enquanto trabalha em construções colocando pedra sobre pedra sua imaginação modifica a realidade: é como se o escombro da obra fosse, na verdade, uma caverna perdida, um local secreto da natureza que esconde um grande mistério e também um tesouro. É uma mania que persiste da infância; o cotidiano é enfadonho, então Tadeo altera sua percepção, tornando-se um arqueólogo destemido, um professor de chapéu e chicote, garantindo assim uma certa noção de aventura. 

Estreia hoje "As aventura de Tadeo", animação espanhola dirigida por Enrique Gato, que em 2001 criou o personagem (grande sucesso no país de origem). O filme começa mostrando Tadeo como uma criança que confronta a solidão através da fantasia. Tadeo cresce, torna-se um jovem adulto, mas esse sentimento permanece: ele procura, sem o conhecimento necessário, achados arqueológicos que na verdade são lixos jogados na rua. Essa rotina continua até que o herói atrapalhado meio sem querer se envolve numa grande aventura, a procura pelo tesouro perdido de uma comunidade Inca. 

"As aventuras de Tadeo" parece ser um filme infantil que não empolga na mesma medida os adultos: depois dessa apresentação interessante do protagonista, que cria uma situação que gera facilmente empatia, o enredo se transforma numa espécie ordinária de aventura já vista em outros filmes, seguindo fórmulas previsíveis de ação ("Indiana Jones" é inspiração evidente, não apenas através do protagonista, mas também como ação em lugares exóticos, com cenas copiadas em detalhes, além de "El Dorado", animação que trata de um tesouro Maia). 

Com exceção do protagonista, que em sua mania de sonhador desajeitado consegue divertir, os personagens coadjuvantes são pouco inspirados, parecem pertencer a uma antologia de experiências mal sucedidas de desenhos prévios. E a história, que no início prende a atenção por misturar ação e desenvolvimento emocional de Tadeo com certo arrojo, aos poucos se transforma em algo banal, com cenas sem a adrenalina necessária em sequências de aventuras. 

Parece importante avisar que o filme entra em cartaz também em projeções 3D, já que durante a sessão é provável que o espectador esqueça: pouca ou nenhuma cena usa o potencial virtuoso das três dimensões. 

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