sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Atmosfera bruta em filme policial


Hugo Viana


"Caça aos Gângsteres" (EUA, 2013) tem inspiração no cinema clássico norte-americano, os filmes policiais dos anos 1940 em que bandidos enfrentavam detetives moralmente ambíguos, que bebiam uísque segurando um cigarro e que para terminar um caso não seguiam com fidelidade o que está escrito na lei. 

O filme se passa em 1949, em Los Angeles, período particularmente confuso da história norte-americana. Alguns anos depois da Segunda Guerra Mundial, policiais que durante o conflito mataram alemães e japoneses voltaram com um sentimento amargo de vitória, tornando-se homens da lei taciturnos. Enquanto a Guerra Fria não deixava evidente a identidade dos inimigos (os russos), eles enfrentavam guerras internas contra criminosos que dominavam cidades através de suborno. 

Mickey Cohen foi um desses bandidos (personagem autêntico da história, interpretado por Sean Penn), um boxeador mafioso judeu que na cena inicial comanda uma sessão de esquartejamento. Em seguida o filme mostra John O'Mara (Josh Brolin), policial tipo brucutu, que ataca cafetões com métodos tão violentos quanto os de Cohen. 

O filme parece ter orgulho em aumentar sem motivo a duração de cenas de ação e a quantidade de sangue por morte filmada, com câmera lenta sugerindo o assassinato como espécie de espetáculo, algo que a censura impedia nos anos 1940, obrigando a necessidade de insinuar violência, e não filmar. 

O trunfo comercial do filme é o elenco, formado por atores que bem ou mal têm público garantido. Além de Brolin e uma participação exageradamente pequena de Nick Nolte, o lado da lei tem Ryan Gosling, no papel de charmoso encantador, mas que com voz de garoto parece perdido em cenas de tiroteio. Sean Penn interpreta com maquiagem excessiva, uma camada extra de pó para aumentar grandiosamente o nariz e afirmar uma suspeita identidade cultural de judeu. 

O filme parece inspirado por "Os intocáveis" (1987), grande exemplar policial de Brian De Palma. John reúne um grupo de policiais que embora não sigam exatamente as regras são homens que miram o bem, algo como justiceiros politicamente incorretos. O roteiro passa a impressão de desperdício de talento, com longas cenas de ação filmadas no automático e pouco desenvolvimento de coadjuvantes promissores. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário