quarta-feira, 3 de julho de 2013

13. Livro confiscado

Na quarta-feira da semana passada, a Polícia Civil do Rio de Janeiro fez uma operação de busca e apreensão em Itaboraí, na casa de Arthur dos Anjos Nunes, 21 anos, um "suspeito de vandalismo". A matéria foi noticiada na Folha de São Paulo. Além de facas e martelos, os agentes recolheram o livro "Mate-me por favor" (L&PM), escrito pelos norte-americanos Legs McNeil - jornalista que batizou o movimento punk - e Gillian McCain. A publicação conta a história do punk através de entrevistas e relatos de artistas. O repórter do jornal paulista escreveu: "De acordo com o delegado Mario Andrade, o livro, além das fotos e cartazes apreendidos, 'demonstram o perfil' do suspeito. '[O livro foi apreendido] para demonstrar a ideologia dele frente a nação brasileira, de defesa da anarquia', disse o delegado'", escreveu o jornalista. É perigoso quando livros, não apenas obras historicamente relevantes, como neste caso, mas também publicações com ambições honestas, pesquisas de autores interessados em gerar debates ou ficções que apontem o dedo para problemas sociais, como "1984", de George Orwell, passam a ser confiscados pela polícia. Em "Fahrenheit 451" (1953), Ray Bradbury criou um enredo sobre um futuro distópico, em que romances são considerados ilegais e são queimados. A ficção científica às vezes consegue, através do exagero da base real, imaginar um futuro cruelmente possível. 

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