sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O amor na vida adulta

Hugo Viana



A comédia romântica parece ser o gênero mais popular do cinema norte-americano, são filmes parecidos uns com os outros e em geral com nada mais em cartaz no cinema. Então surge algo que tenta brincar um pouco com esses postulados fixos, buscando soluções pouco convencionais para os problemas do amor. Parece ser o caso desse filme agradavelmente mediano, "Amor a Toda Prova", obra basicamente de atores, com Steve Carell e Julianne Moore interpretando o par romântico.

As primeiras imagens do filme mostram pés de casais embaixo da mesa de um restaurante: os homens de sapatos sociais, as mulheres de salto alto, todos elegantemente juntos. Em seguida vemos um casal peculiar, ela se chama Emily (Julianne Moore), também de salto, ele é Cal (Steve Carell), de tênis surrado, pernas afastadas, a câmera sobe, e vemos claramente que se trata de um homem pouco afeito aos benefícios da elegância. Nenhum deles sabe o que quer: ele tem dúvida sobre a sobremesa que vai pedir, ela não sabe se quer continuar casada, e depois de 20 anos termina tudo abruptamente.

O filme é sobre o ressurgimento do amor, quando casais cansados da intimidade cotidiana buscam o sentimento inicial que formou tudo. O filme segue como uma história de amor romântico, e o que diferencia ao menos um pouco este exemplar de outros da comédia romântica parece ser a sugestão que nem tudo pode dar certo, uma variável que representa coisas imprevisíveis.

Depois desse rompimento surpreendente, Cal inicia um processo comicamente desastrado de luto, comentando bêbado com estranhos seus sofrimentos íntimos. Sua rotina muda quando conhece Jacob (Ryan Gosling), predador eficiente de mulheres bonitas, uma delas levemente bêbada o descreve fisicamente como "feito pelo Photoshop". Jacob, homem misterioso de muitas técnicas de conquista, ensina Cal como ficar com qualquer mulher, explicação que rende talvez as melhores piadas do filme.

A história acompanha vários personagens, todos enfrentando problemas de coração apaixonado. Temos não apenas o casal central, mas também seu filho de 13 anos, apaixonado por uma babá de 17, que ama secretamente Cal, amigo de Jacob, que conhece e se apaixona para sua própria surpresa por uma mulher que se revela fundamental na vida de Cal. Tudo revelado numa cena orquestrada para a confusão, para o exagero de reações comicamente raivosas.

É um filme de situações adultas, tratando desilusões com bom humor. A melhor cena do filme parece ser um mix desses temas, em que nada dá certo e noites bêbadas têm consequências claras. Tudo termina no que é habitual a comédias românticas, com a sensação amarga que poderia ser diferente.

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