sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Filme policial aditivado com pouca criatividade


Hugo Viana


Por algum motivo a indústria de cinema norte-americana acredita que Nicolas Cage é um tipo de galã transgressor, o bandido de jaqueta de couro, óculos escuros e moto que não é tão malvado, que o espectador torce por ser mais interessante do que o herói. Se era meio difícil aceitar essa personalidade nos anos 1990, quando Cage ainda interpretava com algum vigor físico, hoje em dia parece especialmente pouco provável. 

Em "O resgate" ele interpreta uma variação de seu personagem em "60 segundos" (2000): Will Montgomery, um ladrão respeitado por seus colegas infratores por ser uma espécie de gênio do crime, que tem bom coração, e mantém como regra de etiqueta criminal roubar, mas não matar. A primeira cena do filme sugere um bom thriler de ação policial, uma sequência que dura mais ou menos 10 minutos com diálogos inspirados e ação bem construída.

Acompanhamos quatro bandidos (liderados por Cage) prestes a roubar um banco, numa rua escura à noite, enquanto policiais (liderados por um detetive que os caça há algum tempo) monitoram a atividade através de áudio e vídeo. Tudo é tecnicamente bem orquestrado pelo diretor Simon West, que através de uma montagem paralela surpreende o público e apresenta bem os personagens. 

O roubo dá errado e apenas o personagem de Nicolas Cage é preso. Ele passa oito anos recluso, e quando sai visita sua filha. Em seguida ela é sequestrada por um ex-amigo bandido de Will, transformando o filme numa espécie previsível de melodrama: recuperado de sua mania de assaltar bancos, ele é forçado a voltar ao mundo do crime para roubar U$ 10 milhões, pagar o sequestrador e resgatar sua filha. 

Embora a primeira cena seja digna de um bom exemplar de filme policial, usando de maneira criativa técnicas de narração cinematográfica, a história aos poucos perde ritmo e originalidade e se transforma em uma mistura de outros exemplares do gênero policial (em especial "Busca implacável", que tem essencialmente o mesmo roteiro). É o tipo de filme que deve ser guardado na estante "policial" e em alguns anos ser esquecido. 

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