Hugo Viana
Depois de apresentar no primeiro filme, lançado em 2008, tudo o que legitima o gênero ação, "Busca Implacável 2" entra em cartaz oferecendo exatamente as mesmas opções; em todas as cenas ocorre algum tipo acelerado de perseguição de carro, tiroteio, explosões ou mortes. E briga, muita briga. Poucos momentos se referem a um tipo silencioso de cinema, ferramenta evitada neste filme de Olivier Megaton (diretor de outro filme movido à gasolina e pólvora, "Carga Explosiva 3").
O protagonista continua sendo Bryan (Liam Neeson), ex-agente da CIA, agora pai preocupado com as aulas de direção da filha. O vilão é Murad (Rade Serbedzija, especialista em interpretar criminosos do leste europeu); ele quer vingar o filho, sequestrador de jovens mulheres do primeiro filme, assassinado por Bryan. Os planos de vingança de Murad envolvem não apenas torturar o ex-agente, como também matar a família dele, enquanto estão em férias exóticas em Istambul.
O roteiro é mínimo e fornece as brechas para ação. Infelizmente para Murad e seus capangas, Bryan é um tipo bruto de super agente, não costuma perder brigas ou errar tiros, características recorrentes no bando inimigo. Tudo se torna um pouco mais fácil porque os vilões são indiferentes às capacidades acima da média de Bryan; deixam ele numa sala sozinho, com braços amarrados, enquanto estão na outra sala, bebendo cerveja e assistindo futebol.
Esse enredo frágil dura pouco, 90 minutos, e poderia ser ainda mais curto, devido à enorme eficiência do protagonista. Nesse pouco tempo, talvez o destaque seja a maneira como Megaton apresenta essas capacidades, criando um roteiro de ação frenética que usa de forma inteligente o som e a montagem de cenas paralelas para intensificar o clima de tensão.
São sequências que representam o prazer desgastado que o gênero ação oferece, a capacidade de recriar com a câmera uma vontade cruel de ver explosões espetaculares como apenas o cinema norte-americano parece capaz de fazer. A existência de um filme anterior, bem feito, com essas mesmas motivações, parece colocar dúvida na real necessidade de uma segunda parte.
Depois de tantos anos sendo usada como um tipo de guia, a divisão no cinema por gêneros se tornou uma ferramenta útil para alguns diretores exercitarem a criatividade, mexendo em fórmulas que depois de décadas de uso adquiriram rigidez. "Busca Frenética 2" representa o exato oposto: é formado por precisamente todas as exigências do gênero, um filme de ação bem executado que será devidamente arquivado e esquecido.
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