sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O susto mora na cena ao lado

Hugo Viana


Desde "Bruxa de Blair" (1999), filme que revisou os parâmetros das narrativas de horror, que a chancela "baseado em fatos reais" parece agregar um sentimento urgente de tensão ao gênero. "Invocação do Mal", de James Wan, recorre a elementos da religião, aos mitos sobrenaturais, num enredo protagonizado por um casal que, entre os anos 1950 e 80, ficou conhecido por validar o folclore de demônios e fantasmas: Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga). 

Ele é demonólogo, conhecedor da natureza de demônios, ela é uma espécie de médium, capaz de sentir a história de ambientes e pessoas através do toque. Eles são chamados pela família Perron, no começo dos anos 1960, para encerrar um ciclo de fatos estranhos e progressivamente violentos numa casa abandonada no meio do nada. Lá, enfrentam uma história que "apenas agora", como ressalta uma cartela no início, se torna pública. 

As reações da família, composta por cinco garotas entre 8 e 14 anos, é o que movimenta o enredo. São mocinhas que encaram uma casa abandonada, que range a cada passo, e às 3h07 da madrugada, quando coisas estranhas acontecem, são acordadas por fatos assustadores. 

É um filme que mantém o espectador atento ao enredo usando recursos de surpreendente simplicidade. Quase não há intervenções digitais nas imagens; os sustos, a crescente atmosfera de tensão, o intenso envolvimento com a história está essencialmente na fotografia escura, na direção de arte, nos móveis antigos, no posicionamento dos espelhos, sugerindo um terror à espreita, e especialmente no som, na capacidade de sugerir terror ao repetir certos ruídos, sem no entanto mostrar nada em cena. 

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