quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

#3 Drive (2011)


Ryan Gosling interpreta o herói de ação clássico, fala menos do que o necessário, age com brutalidade e eficácia, salva inocentes de perigo eminente; parece guiado por um sentido de honra que não é explicado pelo filme. É capaz de violência excessiva, atrocidades filmadas com dedicação e certo prazer por Nicolas Winding Refn. O passado desse protagonista sem nome - opção que parece ressaltar uma herança do faroeste de Clint Eastwood, seus personagens brutos não identificados, trocando apenas o cigarro do canto da boca por um palito -, é projetado apenas na cabeça do espectador, admirável perspectiva de construção de personagem. Características do filme policial são reviradas, expectativas do gênero são gradualmente reformuladas. No centro parece estar certa admiração pelo cinema americano dos anos 1970, carros poderosos, máquinas cuja velocidade é em alguma medida alegoria para o personagem, homem de ação em fuga. Os momentos de choque, os instantes em que o filme ameaça transcender limites, arriscar o salto de fé para algo estranho e pessoal, ocorrem quando Refn experimenta um tipo de assinatura de estilo através do som, das atuações e da câmera lenta - especialmente na representação da morte como evento espetacular e possivelmente fotogênico. São ideias que modificam cenas essenciais, transformando certas sequências decisivas em movimentos inesperados de cinema.


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