quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

#7 Westworld (1973)


Em seus momentos discretos de comédia, pequenos comentários de humor social bem colocados no meio de uma ficção científica, o filme de Michael Crichton revela o protótipo do jeca contemporâneo; a pessoa rica que, precisando fugir da realidade burocrática, paga muito dinheiro para experimentar caprichos de algum período histórico reconhecível pelo que há de mais evidente (Roma, Europa Medieval, Velho Oeste), vivendo o aspecto pitoresco de um passado vagamente familiar. Gastam uma fortuna para se parecer com nativos, usando roupas de guerreiros, caubóis ou princesas, sem se interessar necessariamente pela cultura daquele período, apenas por uma ideia exótica de fantasia étnica - "ser" um xerife, um cavaleiro, para preencher a volúpia do desejo. A história é sobre um parque de diversões povoado por robôs que agradam hóspedes, máquinas submissas controladas para suportar desejos reprimidos (assassinato, sexo). Crichton trata seus personagens como idiotas, uma curiosa ausência de protagonista bravo. Há cenas que sugerem a iminência de um mal estar; algo acaba dando bastante errado, os cientistas não conseguem mais controlar as máquinas, que se rebelam de forma bruta contra os hóspedes. A violência é filmada em câmera lenta, ressaltando a impressão de espetáculo terrível, deixando um gosto amargo de vazio. 

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